sábado, 23 de julho de 2016

A LEI DO AMOR

1 Estes, pois, são os mandamentos, os estatutos e os juízos que mandou o SENHOR, teu Deus, se te ensinassem, para que os cumprisses na terra a que passas para a possuir;
2 Para que temas ao SENHOR, teu Deus, e guardes todos os seus estatutos e mandamentos que eu te ordeno, tu, e teu filho, e o filho de teu filho, todos os dias da tua vida; e que teus dias sejam prolongados.
3 Ouve, pois, ó Israel, e atenta em  os cumprires,  para que bem te suceda,  e muito te multipliques na terra que mana leite e mel, como te disse o SENHOR, Deus de teus pais.
4 Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR.
5 Amarás, pois, O SENHOR, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de toda a tua força.
6 Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração;
7 tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa , e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te.
8 Também as atarás como sinal na tua mão, e te serão por frontal entre os olhos.
9 E as escreverás nos umbrais de tua casa e nas tuas portas.
Deuteronômio 6.1-9


        A palavra “mandamento” (v. 1) nos deixa desconfortáveis, pois não gostamos de receber ordens por nos sentirmos inferiores. E aqui há uma condição: Se não cumprires as ordens não terás vida prolongada e abençoada! Por três vezes Deus condiciona a bênção ao cumprimento da lei.
     “Inculcar” (v. 6) lembra a água que pinga sobre a rocha por anos a fio e vai mudando a forma da pedra e imprimindo nela um desenho peculiar que o tempo não apaga. Assim Deus queria que se fizesse: Que a Lei fosse, dia após dia, repetida insistentemente para que ficasse “gravada, imprimida” nos corações. E esta Lei nada mais era do que falar de amor. E deveria ser repetida todos os dias, dia e noite, pelo caminho e nos lares para que nunca fosse esquecida. Amar primeiramente ao SENHOR que os tirou da escravidão do Egito, que os sustentou deserto afora e que os guiava a uma terra maravilhosa e fértil. Em várias passagens da Escritura como em Ap 9.4 e em Ez 9.4 fala-se de uma “marca”, um “selo” na testa que diferencia os filhos de Deus dos ímpios. É possível relacionar este selo com a Lei de amor de Deus nos corações. Deus quis dizer que quem O amasse e obedecesse traria consigo uma marca gravada em seus corações para sempre. 
    Todos também deveriam saber que aquela casa servia e obedecia ao SENHOR (v. 9). Suas palavras deveriam sair das casas e andar com os israelitas (v. 8) para que não caísse no esquecimento que Israel pertencia ao SENHOR. 
    Mesmo com tantas recomendações Israel afastava-se do amor de Deus, repelindo a proteção e as bênçãos, tentando provar que a vida sem lei era boa, feliz e que poderia andar com suas próprias pernas, adorando aos deuses que quisessem, cobrindo aquele selo de amor com sua desobediência e dureza.
    Apesar de o texto ter sido escrito há mais de três mil anos é assombrosa a semelhança com nossos dias. Há hoje, na sociedade, uma carência enorme dos mesmos limites impostos por Deus aos israelitas. As famílias estão doentes, pais e filhos não se entendem, as pessoas vivem sem perspectiva ou esperança no amanhã. Ser feliz é a ordenança do mundo. Busca-se esta felicidade a qualquer custo sem efetivamente encontrá-la.
    A sociedade hoje está em busca do “amor” e da felicidade a qualquer preço. A religião está praticamente suprimida da vida das pessoas. O único Deus de Israel foi reduzido ao último Deus. A Palavra dEle não consegue mais perfurar as paredes duras dos corações, lacrados para qualquer alusão a Ele. A teimosia de Israel se repete até os dias de hoje, a humanidade quer ficar livre dos grilhões de um Deus tirano e opressor que condiciona Suas bênçãos à obediência. O “selo do amor” também se escondeu sob a cortina da modernidade e seu significado foi esquecido. 
    Quando Israel se via sob o jugo inimigo lembrava-se da lei e novamente recorria a Deus, em uma sucessiva relação de amor e ódio. Por certo tempo adorava, amava, servia e obedecia ao SENHOR, até novamente se retirar da presença dEle. Assim também nos comportamos muitas vezes, quando achamos que obedecer nos torna frágeis e servidão não cabe mais nos dias de hoje, onde reina a liberdade de conceitos e relacionamentos. Mas quando perdemos o rumo de nossas vidas ou vemos nossos filhos ou queridos perdidos lembramos do selo e tratamos de limpá-lo e exibi-lo, mostrando a Deus que temos a marca impressa em nós e que Ele é o primeiro em nossas vidas. Assim também vivemos em uma relação de amor e ódio com a Lei. Ela é leve quando lembramos da Graça que nos torna justos e nos faz testemunhas da lei do amor, então mostramos nosso sinal, aquele que foi inculcado em nossos corações e nos constrange a falar e meditar na Palavra de Deus dia e noite. Mas esta lei é extremamente pesada quando nos afastamos da cruz que nos guia pelo deserto da nossa vida, pois ficamos sem rumo e expostos às intempéries.