domingo, 24 de dezembro de 2017

Reminiscências...

       Aproveitando um momento de solidão e contagiada pelo espírito de reflexão que toma conta nesta época do ano, resolvi também fazer reminiscências acerca do ano que passou. Foi um ano em que sentimentos diversos se mesclaram: alegria, tristeza, ira, amor, culpa. Mas um sentimento peculiar me perseguiu durante o ano todo: o vazio. A princípio não conseguia identificar de quem ou o quê eu sentia falta... aos poucos fui percebendo que Deus me fazia muita falta. Sim! Era Deus quem estava faltando e nada do que eu fazia era capaz de tapar o buraco dentro de mim. Eu falava e estudava sobre as coisas de Deus todos os dias na faculdade, ficava fascinada com cada descoberta, encantava-me com a Teologia, era impossível afastar-me dEle; estava completamente errada. Tudo o que eu fazia era refletir sobre as coisas de Deus, mas não refletia mais Cristo em minha vida. A oração era mecânica, sem vigor, sem convicção. Comecei a deixar que as coisas ruins superassem todas as bênçãos que eu recebia todos os dias. Então comecei a travar uma luta ferrenha com Deus. Comecei a questioná-lo, pois achava injusta a situação em que Ele me colocara e que eu não merecia arcar com as consequências dos erros dos outros. Enquanto brigava, me afastava... quanto mais percebia minha distância, mais me afastava. Inconscientemente (ou não!) eu estava chantageando Deus. Ou Ele me livrava dos problemas, ou "me perderia". Quanto orgulho e pretensão achar por um instante que Deus me atenderia! Tudo o que Ele fez foi permitir que eu cada vez mais caminhasse para longe dEle até que a culpa começou a se tornar uma constante em minha vida. Culpa por ter exigido algo de Deus, apesar de tudo o que Ele me dá todos os dias... culpa por nutrir a ira dentro de mim (e alimentá-la com certo prazer).
    Comecei a perceber que estava voltando para o caminho que eu trilhava antes, um caminho sem esperança, sem vida, sem Cristo. A partir daí, todos os dias minha prece era para que Deus não me deixasse cair, que Ele me segurasse, pois eu estava sem forças para me erguer. A vida sem Cristo é caminho de morte, eu já estive neste caminho e não queria mais voltar. Era uma oração desesperada.
    Contabilizando o ano digo que ele foi difícil e pouca coisa mudou até agora, apenas cansei de brigar com Deus. A situação continua a mesma, talvez pior por conta da minha impiedade. O vazio? Bem, ainda falta um grande espaço a ser preenchido. Apesar de tudo o que posso dizer é que sei que apesar de TODOS os meu erros, Deus me ama e que algum propósito há em tudo o que Ele está me impondo. Tento crer que sairei fortalecida, que voltarei a sentir profundo amor pelo Evangelho e irei à igreja e me reunirei com os irmãos com toda a empolgação de antes. Por ora, tudo o que posso fazer é pedir misericórdia e perdão a Deus por minha intolerância e agradecer a Ele por tanto amor, pela graça imerecida, por todas as alegrias e por me manter na fé, mesmo que por muitas vezes eu não tenha percebido. Agradeço também às orações dos poucos, mas fiéis amigos que sem fazer perguntas ou julgamentos simplesmente estiveram ao meu lado me confortando.
    Peço a Deus que o próximo balanço seja completamente diferente. Não peço que Ele me tire os problemas, mas me dê sabedoria para enfrentá-los.