Há pouco passei pela experiência de perder alguém próximo a mim e aprendi uma lição prática que jamais esquecerei. Ele viveu sua vida inteira distante de Deus, duvidando das coisas dEle e procurando tudo o que a ciência “descobria” que contrariasse a Bíblia. Uma vida de tristezas, sem esperanças e vazia. Apesar de ser membro da Paróquia, raras vezes frequentava os cultos ou a EBD e quando o fazia procurava achar uma frase ou situação que contrariasse o que estava sendo ensinado. Isso não era consciente ou por maldade, era simplesmente uma grande necessidade de demonstrar inteligência e cultura, pois ele era da opinião daqueles que acham que quem acredita cegamente na Bíblia é ignorante. Um dia surgiu o assunto do sacrifício do Cordeiro e ele pediu uma explicação a respeito. Em uma surpreendente exclamação disse: “Puxa, agora sei quem é o Cordeiro! Passei a vida toda ouvindo isso e não entendia!”. Um tempo se passou, ele caiu doente e no hospital, em uma conversa com nosso Pastor, lembrou daquele dia, confessou seu pecados, pediu perdão e aceitou o Cordeiro. Dias depois, faleceu. Sei que foi salvo, pois para Deus basta uma palavra, um suspiro apenas.
Diante disso encontrei dois motivos (sei que há muitos) essenciais para confirmar minha eleição todos os dias: O primeiro é que talvez eu não tenha tempo para me arrepender, posso não viver amanhã (ou no próximo instante);
O segundo e melhor motivo é ter uma vida sob os olhos do Pai, guiada por Ele e em comunhão com Deus. Comunhão pressupõe obediência à Sua Lei. Mas a obediência não deve ser algo forçado. Dietrich Bonhoeffer, em seu livro “Ética”, escreveu: “Obediência sem liberdade é opressão. Liberdade sem obediência é arbitrariedade.”. Os ímpios desfrutam apenas da liberdade, vivem uma felicidade ilusória e passageira. Muitos cristãos vivem apenas a obediência e são seres extremamente infelizes, escravos desta Lei na aparência, mas a maioria têm suas almas perturbadas pela opressão imposta por eles mesmos.
O verdadeiro cristão precisa obedecer, mas tem a liberdade de escolher outros caminhos que não discordem da Palavra. Imaginemos um escravo que mesmo depois de alforriado deseja continuar sob as ordens e o teto do seu senhor, por sentir-se amado e protegido. O cristão precisa mostrar ao mundo que é feliz obedecendo a Deus, que é bom estar na Igreja entre os irmãos, compartilhando alegrias e dores. Deus não nos quer “santos” e tristes, nos quer como seres humanos que somos, livres para falar com Ele e dizer: “Estou aqui, resolve meus problemas, cuida da minha vida, descasca esse abacaxi comigo.”.
Bonhoeffer também citou em seu livro: “Na obediência o ser humano cumpre o Decálogo de Deus, na liberdade ele cria novos decálogos. (Lutero)”. Sejamos felizes servos do Pai, obedientes, mas livres para mostrar ao mundo que somos criativos e estamos aqui para fazer a diferença.
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